Todos temos um plano. Planos infalíveis, inquebráveis, onde mergulhamos de cabeça, devagarinho, primeiro, e depois tresloucados, deliciados, baixando as pálpebras, mordendo os lábios.
E nesse mitológico negrume respiramos devagarinho e pensamos mesmo descortinar um certo olhar de aprovação.
Uma paixão desenfreada por um plano, como um filho, nascido da nossa carne, ou pelo menos das nossas células e outras coisas cada vez mais microscópias e monstruosas.
E nessa paixão, que deveria ser leal, desconfiamos. E, por isso, guardamos uma pequenina caixa de Pandora, ou de primeiros socorros, ou de últimos planos B. Não gostamos deles, despejamos neles toda a culpa de a nossa primeira inspiração falhar e, por isso, no início nunca lhe damos a devida atenção. No início. Porque no fim nos arrependemos de o não termos pensado melhor, de não termos nunca considerado que a nossa primeira e eterna paixão, a nossa própria decisão e natureza nos ia deixar mal.
Mas deixa, deixa sempre.
E depois somos obrigados a seguir uma segunda via. Uma dor na alma como objectivo. Um 'tem de ser' desgraçado. Apenas e somente apenas porque uma parte de nós (e eu diria mesmo, a grande maioria do que quer que seja que nos constitui) se volta para trás, desesperada, e no entanto deliciada por se transformar em sal, desde que isso permita uma última imagem e um último sorriso ao que tanto nos destruiu e que, mesmo assim, continua a ser a nossa maior força.
Fibonacci