«Sinto quente. Muito quente. Estranho calor emana do paraíso, julguei que as chamas alastrassem lá por baixo, mas ao que vejo não. Ou melhor, sim. O calor emana é de mim. E esta claridade escura-me e vejo as minhas palmas azuis, tão frias. Frias não, pouco quentes. Complementaridade de bases. Desvarios absolutos e genéticos. Quente, frio, que é isso do morno! O frio tem o poder do calor. Do teu calor. Do teu calor que me assombra e arrepia. Porque quando tu me pegaste, como folha, folha papel, folha árvore a cair, como folha rasgada tu pegaste em mim e eu perdi-me, espinha abaixo. Imagino imagens sem nexo e coerência lógica. Tão reais, mesmo assim. Passou, foi um sonho real que nem me apercebi. Paraíso. Calor. O Teu. Frio meu, desvario em febre. Pegaste em mim e pegaste-me a febre que não tinhas. Sinto quente. Muito quente. É o paraíso. Não, é a febre.»
de um diário que só li porque estava aberto
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