segunda-feira, janeiro 01, 2007

Daqui a pouco

31 de Dezembro, ou será já 1?
Desenhos estranhos do céu. Demasiado científicos, cuidados, pensados e pesados, equilibrados. Quem disse que havia equilíbrio no céu? Para depois com as aparências!
Agora. Agora o que não aconteceu aperta-me a garganta. E o que pode ser o decair das forças, no daqui a pouco que não existe porque não, mata-me, corrosivo, é da acidez, é da concentração daqueles iões, que irritantes!, que se intrometem.
Na brisa que corria impávida por entre ondas sonoras e marítimas, fechei os olhos para ver, já que o telemóvel não funcionava. Fechei com muita força para imaginar bem. Julguei sentir o movimento e o ruge-ruge que vocês, que se consideram acima, concedem deitar como neve a quem vos vê de cá de baixo. E julguei que o sentido me faria berrar de dor sem coração. Mas não. O poço que me espera não é assim tão violento. Apenas frustrado. Vejo a comida que não posso comer, esfomeada, mas não me esforço para a agarrar. E a água sedenta não foge porque não a sufoco. Isto não é Inferno. Porque eu não quero. Não me interessa. Quero sorrir com o que tenho, que só é mau porque não posso ter mais. Tão perto.
Gostava caída de saber que o que me mentes é verdade.
Que estou mesmo aí. Mas estou aqui. Por enquanto estou aqui. Já me julguei capaz de ultrapassar esta quinquilharia que é o espaço. E sou. Mas percebi que há um obstáculo maior. Que usa a aleatoriedade como bombas.
Mas eu tenho uma mão vazia de outras coisas maiores: noites e dias, luas e sóis, música e silêncio, olhares.
Vazia porque as lancei para ti.
Ajudas?
Talvez seja melhor voltar para o calor. Vamos, vou festejar o tempo.
Fibonacci

1 comentário:

João Ribeiro disse...

É agradável saber que te sobra sempre a outra mão.
...
Gosto da maneira como entusiasmas as pessoas no "Vamos" da última frase e prossegues com um "vou" só mesmo para nos deixar pendurados.=)

Bom ano para ti