domingo, fevereiro 11, 2007

Abraço (a luz do etéreo)

«Mas não, não é luar: é luz do etéreo.»
Fernando Pessoa
É outra luz de outro etéreo qualquer. Quiçá, é essa ausência quente dessa luz. É esse escuro em que corro a fechar meus braços, e a correr meus olhos e a encostar meu ouvido ao bater sincopado desse coração. Num equilíbro desmesurado do éter ou pureza inicial, Cronos não nasce, nem morre. Porque morte morrerá. E o nascer, esse nascer, porquanto sobra para nós. A minha mão. E a tua. Porque a minha se perde na tua. Elas confundem-se, a olho nu. A subtileza errónea do início desmancha o feitiço do tempo perdido, no nosso mundo racional. Mas elas lá melhor se entendem. E falam. Falam tanto.
El-rei tarda e o prenúncio foge.
Um silêncio culpado de quem roubou o luar de outrém - só as mãos continuam num parlapier desgraçado. (Acusam-nos agora de furto completamente desqualificado)
El-rei não vem, não.
El-rei já está aqui.
Fibonacci

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