Olha aqui, presta muita atenção, toda e qualquer atenção que existe no mundo. Olha, olha que eu já li e reli. Cada pessoa é muitas. Cada pessoa desdobra-se em vinte mil. Não ao mesmo tempo, ao mesmo tempo não que seria a loucura!... Cada um de nós, por muito que não queira, parte-se e quebra-se e ninguém me vai enganar por jurar de pés e mãos juntos e por Hipócrates que no Homem não ocorre divisão binária. Ocorre.
Eu achava que te tinhas ido da minha beira. Enganei-me antes aqui. Não partiste. Eu sei que estavas sempre comigo mas por aí já nem pego porque isso ninguém vai perceber. Mas tu, no estado mais natural, no estado físico e vísivel, e gasoso quiçá, julguei que nunca mais ia reconhecer, ao longe. Engano meu. Cada pessoa é muitas. E, apesar de muitas das tuas pessoas não quererem saber, sei que uma delas pegava em mim ao colo e ria-se das minhas asneiras e ralhava-me muito e por vezes ignorava-me e tudo mas no fundo, como uma sombra não vive sem um corpo, quando chega o sol, é o corpo que não vive sem a sombra. No fundo, uma das tuas pessoas era eu. Mas nunca tu. E nem podias. Porque ninguém pode.
Agora fecho os olhos à luz e agradeço baixinho por perceber finalmente que nunca precisaste de mim. Mas sei que eu era minimamente importante. Provas não as tenho, pelo contrário. Mas eu sei, que quando me voltei a calar (como prometi que nunca mais faria), quando voltei a ouvir, quando voltei a chorar e a rir nesse escuro que ninguém percebe (que é a necessidade de protecção que só de nós vem e de uma para a outra) eu sei que fomos duas. Como duas velhas. Duas evoluções convergentes. Diverges agora, talvez, e divago eu. Mas somos duas. E por muito que corra, és tu. E por muito que agora eu seja eu e só eu, foste tu que eu um dia gostei de vir a ser, que eu um dia imitei em tudo.
Eu achava que te tinhas ido da minha beira. Enganei-me antes aqui. Não partiste. Eu sei que estavas sempre comigo mas por aí já nem pego porque isso ninguém vai perceber. Mas tu, no estado mais natural, no estado físico e vísivel, e gasoso quiçá, julguei que nunca mais ia reconhecer, ao longe. Engano meu. Cada pessoa é muitas. E, apesar de muitas das tuas pessoas não quererem saber, sei que uma delas pegava em mim ao colo e ria-se das minhas asneiras e ralhava-me muito e por vezes ignorava-me e tudo mas no fundo, como uma sombra não vive sem um corpo, quando chega o sol, é o corpo que não vive sem a sombra. No fundo, uma das tuas pessoas era eu. Mas nunca tu. E nem podias. Porque ninguém pode.
Agora fecho os olhos à luz e agradeço baixinho por perceber finalmente que nunca precisaste de mim. Mas sei que eu era minimamente importante. Provas não as tenho, pelo contrário. Mas eu sei, que quando me voltei a calar (como prometi que nunca mais faria), quando voltei a ouvir, quando voltei a chorar e a rir nesse escuro que ninguém percebe (que é a necessidade de protecção que só de nós vem e de uma para a outra) eu sei que fomos duas. Como duas velhas. Duas evoluções convergentes. Diverges agora, talvez, e divago eu. Mas somos duas. E por muito que corra, és tu. E por muito que agora eu seja eu e só eu, foste tu que eu um dia gostei de vir a ser, que eu um dia imitei em tudo.
E agora, agora simbiose.
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