quarta-feira, março 21, 2007

Lugares comuns

Disseram-me ontem que a morte
é só o lugar comum da vida
Dá lugar à sorte, à fortuna e à traição
Dá a vez ao azar, ao amor de perdição.
Disseram-me que não parecia uma saída
mas um sufoco
Um ardor que arde mais a quem está vivo
que a quem está morto.
Disseram-me para não morrer que a morte mata
Disseram-me os venenos certos, disseram-me a data
Disseram-me as luas e as estrelas para tal
Para morrer sem igual.
Disseram-me a morte leve e a pesada, disseram-me mesmo assim
que é uma fachada
de uma velha casa e poeirenta onde nunca ninguém entrou.
Disseram-me baixinho para não repetir
para não dizer que foi casada
Para não a cansar, para a não dormir.
Disseram-me ainda que a morte menina
(A morte que uns querem, todos temem e ninguêm vê
Essa morte muito maior)
Disseram-me para não falar dela
e não falei.
Disseram-me antes, disseram, jurei, disseram-me segura,
Para não me deixar cair na candura
Da morte vivida,
Da vida doçura,
No amargo fazer nada quando
se podia fazer
No doce ressonar quando
se podia viver.
Fibonacci

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