quarta-feira, julho 11, 2007

Sinal (ou A Saga do Amor-Perfeito)

Lúcia voltou tarde, já o Sol ia no seu segundo sono. A Lua vinha vindo a crescer a olhos vistos e, nessa noite, vinha também branca, gorda e voluptuosa, como o colo de uma grande e afável matrona, das antigas. Iluminava o trilho que Lúcia percorria descalça. Os sapatos na mão pesavam menos e os pés colavam-se cada vez mais ao chão. Ao íman imenso do núcleo terrestre.
A mensagem do bilhete continuava a pesar na sua lógica imperturbável e na sua mente eternamente satisfeita.
«Marquei-te pelo que és. Amei-te pelo que sou. Por aquilo que sou contigo. Que é o mesmo que sou sozinho, mas sozinho sou mais triste.»
E o passado voltava a fluir na sua memória, tão real como se fosse ontem.
E tinha sido ontem.
Só Lúcia não se apercebeu.
Fibonacci

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