domingo, abril 01, 2007

Quase, quase

Caresse sur l'océan
Pose l'oiseau si léger
Sur la pierre d'une île immergée
Air éphémère de l'hiver
Enfin ton souffle s'éloigne
Loin dans les montagnes
Vire au vent tournoie déploie tes ailes
Dans l'aube grise du levant
Trouve un chemin vers l'arc-en-ciel
Se découvrira le printemps
Calme sur l'océan.
Christophe Barratier, Bruno Coulais
A calma do oceano, ou do próprio Tempo, só existe como mais uma maneira esquisita de nos tentarmos adaptar aqui.
Dizer que se passou quase, quase um ano é tão ridículo! Tão ridículo marcar um ponto ou outro e correr para ele como se fosse o fim. Ou o princípio. E nem é. Nem princípio nem fim. Nem nada.
Fazer quase, quase um ano só serve mesmo para parar. Parar, esticar bem os dedos, sentir, parar, dilatar bem as narinas, absorver, parar, afinar o mais possível os ouvidos, ouvir, parar, preparar as papilas gustativas, saborear. Sentir, absorver, ouvir, saborear e intuir tudo o que agora quase, quase é.
E isso, constato, é quase, quase igual ao que era, há quase, quase um ano atrás.
Reparo que só mudou uma coisa. Eu. E mesmo eu descrevi um círculo. E mesmo assim não o descrevi muito bem. Apenas me habituei a estar mais atenta. A estar permanentemente faminta por inspirações, expirações e explicações, por reflexos e por fantásticas convulsões de sentimentos que pudesse exteriorizar, sem mais nem menos, e tão cruelmente como o brilho mais-que-metálico de uma faca afiada. Depois abrandei. Depois fugi disso porque, institivamente me levava ao mesmo sítio. E, por parar, percebi que voltei ainda a um sítio mais próximo.
E cá estou. Quase, quase um ano depois. Quase, quase igual. Quase, quase uma pessoa maior. Quase, quase um gigante (agora vejo perfeitamente o teu orgulho de me teres ensinado que eu não passava de uma egoísta intelectual). Antes achava que escrevia porque queria. Agora aprendi que escrevo porque tem de ser. Senão, tudo muda. Senão, não presto. Senão, não penso. E se não pensar, não sonho. E o sonho afinal sempre comanda a vida. E é por isso que, neste ano que quase, quase começa (ou recomeça, ou sei-lá-o-quê), vou dedicar-me a outros objectivos. Vou marcar o céu e o infinito. Marcá-los como a única meta. Sei que não chegarei lá. Mas, no fundo, como em tudo o que fazemos, o mais importante é o caminho.
Fibonacci

Sem comentários: