Querida Maria,
Já lá vai um tempo desde a última vez que nos vimos. Espero que esta te encontre de boa saúde. Como vão as coisas por aí?
(...)
Não, não te deves estar a interrogar porque motivo escrevi. É Natal, certo? Toda a gente escreve pelo Natal.
Mas o meu problema é mesmo esse. Não encontro o Natal em lado nenhum, Maria, não encontro.
Nem nas janelas. Nem nas portadas. Nem nas lareiras. Nem nas fogueiras. Nem nos barulhos. Nem nos embrulhos. Nem nas figuras. Nem nos anjos. Nem nas músicas. Nem nos ruídos. Nem nas luzes. Nem nos sentidos. Nem na comida. Nem no frio. Nem na multidão. Nem no vazio.
Muito menos em mim...
(...)
Eu queria o frio que nos lembra o calor, sabes? É tão bom... Eu queria a minha mão a trabalhar. Eu queria comida para dar.
Eu queria luz das velas, não dos candeeiros. Eu queria anjos feitos de sonhos, não de carne e osso. Eu queria sentir cada momento, Maria, cada pessoa, cada melodia. Eu bem queria!
Mas o Mundo já se encarregou de me mostrar que o Natal não é sempre que o Homem quer. E mesmo às vezes nem 25 de Dezembro é. Temos sorte, quando há Natal. Ele tem de ser bem cultivado, desde cedo, com muitas cuidados. Como o Principezinho fazia com a sua rosa, lembras-te? Mas eu, eu esqueci-me da redoma e agora não encontro o meu Natal. Tenho pena, é mais um ano a esperar. E a rezar muito, não vá o Mundo fazer das suas.
(...)
Oh, eu sei! Tenho a minha parte de culpa.
(...)
No entanto, talvez saiba onde o posso encontrar. É a minha última hípótese.
Acabo aqui por hoje. Tenho de procurar.
Um beijo enorme desta que te adora.
Sempre tua, Lúcia.
1 comentário:
"Nem nos barulhos. Nem nos embrulhos." Não encontras o Natal... não encontras a família. talvez por não encontrares a Maria.
Agora esperas ansiona q ela encontre a tua carta e te ajude a encontrar o Natal. Se eu poder Ajudo.t. feliz por te fazer sorrir. novamente.
Feliz dia. Feliz Natal
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