Mais uma viagem? Deves estar a brincar... Até parece que não te conheço! A ti e aos teus joguinhos, que nos levam tão lá abaixo. Afundamo-nos no menos-infinito. Olhamos para cima, de bruços, num caixão, o eixo das ordenadas a apontar o infinito e o céu que não nos quer, aqueles pontos de descontinuidade que nos matam devagarinho.
Não vais ter sorte nenhuma, dizem, ai não.
Tal como eu.
E se descermos mais uns andares? Somos intrusos, eu sei, invasão e abordagem. Antes espiões. Cépticos. Muito cépticos. Podíamos lá descer pelo menos mais uma vez. Hécticos. Uma dorzinha de alma e comichão no cotovelo. É do frio, eu sei.
Dizem-me que não há nada como quem nós queremos ou como quem nós perdemos.
(Ou como quem nos perdeu... - Ah ah! Que não jogasse!)
Agora que as folhas se queixam do carvão, eu vou ouvindo os seus latidos enquanto me perco, espinal medula abaixo. Nervos. Bem lá abaixo está uma cave de números menores que zero. Cada vez mais menores. Tanto que me obrigam a esquecer por um bocado a gramática que não foi criada para os expressar (são cada vez mais pequeninos e irreais!).
E eu tão grande!
Sinto-me uma Alice num País sem Rainha de Copas. A cair, eixo abaixo. Se ao menos voasse. Ou uma tangente. Ou uma chave.
«É por isso que andas atrás dela e ela atrás dele. Mas dizê-lo não vai mudar nada. Não, não.»
Mas isso não me importa. Sigo o coelho enquanto espero que um sonho me caia no colo. Bem que é certo: é mais fácil sonhar de olhos bem abertos, a olhar o infinito de estrelas que não vemos.
Mas eu sei que lá estão.
Consigo ouvi-las.
Baixinho.
Perfeitamente.
Fibonacci
Excertos de "No Buses", Arctic Monkeys
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