sábado, dezembro 23, 2006
O dia em que nevou no mar
quarta-feira, dezembro 20, 2006
Onde?
Quiçá (Ferida Aberta Noutro Peito)
E o que sempre é riso, chore. Foi sol, é água, é terra.
Foi fogo, é neve, é feliz. Talvez a raiva arda
Talvez a saudade enjoe
Talvez a fuga incandescente não sirva
Ou talvez não.
Talvez um beijo inconsciente nos cure, ao de longe.
Talvez alguém nos dê a mão.
Ou talvez outrem nos roube o que é sagrado.
Foi sagrado, é templo, é tempo. Porque a cabeça abana condolente
sempre, foi assim
(o vento é pária, é nossa sina!)
Mas não quando a brisa roça perto.
Aí, cola-se a nós O Fim. Talvez.
Ou talvez não. Não sei.
Quero acreditar em algo maior.
Quero acreditar na transformação.
E o que era Vida, ultrapassa-a.
E o que era caminho, torna-se perfeição.
E o que era Amor, engrandece-o.
O que era Esperança, é Salvação. Talvez.
Ou talvez não. Fibonacci
terça-feira, dezembro 19, 2006
Uma última batalha
O mar engoliu o barco, cego e feio.
A terra caiu sobre o Homem.
O cavalo pisou o guerreiro. As ondas que batiam cansaram-se
Da areia sovada que se calou.
A lança caiu estridente marcando
O chão, a raiz que urrou.
Num grito sem gravidade, celestial,
As cabeças unânimes levantaram
A voz ao céu (e os entes que lá dormem, brilharam!)
Na luz partida do orvalho,
Numa via sacra final.
A alma sobrevoou o corpo
Despedindo-se num beijo demorado.
E o tempo, esse tempo, riu-se, afinal
São só os nossos pedaços o pecado.
Porque viver por ti é mais que viver
E morrer por ti é nascer
outra vez
Eu vi
A terra absolver
O Homem.
O Homem que já nem Homem é.
É mistério.
É melhor.
É fé. Fibonacci
domingo, dezembro 17, 2006
A tree called life
Porque às vezes "perco um continente", perco uma ilha e "uma chave" e a maravilha cai estridente no chão. E do pó se levanta a voz que todos conhecem e ninguém reconheceu.
Porque às vezes me apercebo, e deviam ser mais os dias, que não me expresso tão bem como isso.
by E. E. Cummings
I carry your heart with me (I carry it in
my heart) I am never without it (anywhere
I go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)
I fear
no fate (for you are my fate,my sweet) I want
no world (for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you
Here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart
I carry your heart (I carry it in my heart)
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Sempre, corria sempre
De Atenas até Esparta, de Esparta até Maratona. Ainda não sabia bem porquê. Esperava no seu mais profundo pensamento que a mensagem que trazia animasse as tropas por apenas mais um bocado. Que aguentassem, os espartanos vinham a caminho!
Filípides via tudo como um filme, como se já tivesse passado há muitos, muitos anos. Como se isso fosse possível! E corria. Sempre, corria sempre.
E expirou.
Olhei rapidamente para trás. Mas não consegui ouvir mais que um ruído rouco.
Fibonacci
sábado, dezembro 09, 2006
Rainha de Copas
Excertos de "No Buses", Arctic Monkeys
terça-feira, dezembro 05, 2006
In a manner of speaking
Poder de síntese
Quem? Eu?
Não mais de uma palavra.
Palavra e meia.
E nem mais um grito, talvez um olhar.
Palavra e meio olhar e estamos combinados.
Para mim?
Para mim.
domingo, dezembro 03, 2006
Tenho-te saudades
domingo, novembro 26, 2006
Parêntesis (Paraíso)
«Sinto quente. Muito quente. Estranho calor emana do paraíso, julguei que as chamas alastrassem lá por baixo, mas ao que vejo não. Ou melhor, sim. O calor emana é de mim. E esta claridade escura-me e vejo as minhas palmas azuis, tão frias. Frias não, pouco quentes. Complementaridade de bases. Desvarios absolutos e genéticos. Quente, frio, que é isso do morno! O frio tem o poder do calor. Do teu calor. Do teu calor que me assombra e arrepia. Porque quando tu me pegaste, como folha, folha papel, folha árvore a cair, como folha rasgada tu pegaste em mim e eu perdi-me, espinha abaixo. Imagino imagens sem nexo e coerência lógica. Tão reais, mesmo assim. Passou, foi um sonho real que nem me apercebi. Paraíso. Calor. O Teu. Frio meu, desvario em febre. Pegaste em mim e pegaste-me a febre que não tinhas. Sinto quente. Muito quente. É o paraíso. Não, é a febre.»
de um diário que só li porque estava aberto
Desafio
O Amor não serve para nada.
O Amor escreve-se com letra maiúscula por pura vaidade dos
Românticos que se perdem na Palavra que também leva maiúscula porque,
na Verdade,
não existe.
O Mundo não foi pensado para levar com
Aquele Amor à mistura.
Gosta mais do Amor fácil dos doces Olhos amargos bem
Cerrados.
E falangetas bem abertas.
Aquele Amor nunca serviu para nada.
Só estragou Vidas e construiu Verbos.
Desperdício!
Dão a Vida por Palavras que agora, ao olhar para
Mim
Se calam.
Riem-se.
Berram, histéricas.
Calem-se, ridículas!
Não vêem?
É tão bom o amor assim.
Eu não preciso de vocês, nem das letras grandes,
Nem das grandes letras,
Nem dos gritinhos extasiantes. Eu danço.
E ele gosta.
Isso é amor.
Com letras pequeninas.
Porque fora da nossa alma
Porque o esboço do espírito
Porque o canto do mudo mundo
Porque o amor não gosta que o vejam
Porque quer que o sintam.»
sexta-feira, novembro 24, 2006
No fundo de um de nós.
domingo, novembro 19, 2006
Rituais
Vila Viçosa, 16 de Fevereiro de 1999
terça-feira, novembro 14, 2006
Porque
Porque era ela
Porque era eu»
Foste tu que lhe faltaste ali
no sítio onde estava
Foste tu quem lhe lembrou a música
que o outro tocava
Foi o teu vôo que ele contemplou
a luz d'oiro do sol
que à meia-noite aparecia.
Lua redonda, sol de dia.
Uivam os lobos à lua cheia
Pé de meia p'rós ovos na mesa
E uiva ele à menina
que de merdinha enche os seus olhos.
Abrindo-os e fechando-os
num ritmo desacelarado e brutal
Que acorde aquele tal
que adormeça
onde é que isso lhe interessa?
Ciúmes à porta rangem.
Palavras à porta ficam.
A culpa foi toda do beijo!
Pelo que vejo do prazer
não é no fim
assim
tão fácil. - Mea culpa.
- Desculpas aceites.
- Mas que bonito o amor andará! Tens razão... Mais nada de mim sairá.
Fibonacci
Letra inicial da música
"Porque era ela, porque era eu"
de Chico Buarque
domingo, novembro 12, 2006
Maria
Quando pára o samba
E diz que é sem compromisso
é bom acabar com isso
Não sou nenhum Pai João
Quem trouxe você fui eu
Não faça papel de louca
Pra não haver bate-boca
Dentro do salão Quando toca o samba
Eu lhe tiro pra dançar
Você me diz: Não
Eu agora tenho par
E sai dançando com ele
Alegre e feliz
Quando pára o samba
Bate palma e pede bis»
Música de Chico Buarque, «Sem compromisso»
quarta-feira, novembro 08, 2006
Ode ao Narcisismo que Apetece e ao Amor Puro
Mas ele gosta de mim
Ele não tem qualquer encanto
Tirando o facto de gostar de mim
Eu sei quem ele é quando tenta ser secreto
Só porque gosta de mim
Mas ele não me tira do sério
Excepto quando me diz que gosta de mim
E eu nem gosto dele
Mas ele gosta de mim»
Sim! Tu que também gostas de mim
Não me dás a consolação de gostar
De te ver a contemplar e me sentir admirado
(Admirável Mundo Novo)
Algo nunca falado...
Mas isso eu sempre falei!
De que importa de quem gostei?
Ou de quem me olha assim?
Tu sabes, sempre soubeste,
Que és a metade de mim.
És tu o meu ego exacerbado
Num único espírito,
O meu único Fado.
sábado, novembro 04, 2006
Chocolat
Fora de mim sem me queimar.
Vejo a liberdade a correr, pela janela
(ou será só o vento?)
Essa liberdade maluca mete-me inveja.
Quem dera pudesse ser assim
não ligar a quem fala por mim
fazer ouvidos moucos
aos sussurros roucos que perturbam
aquele que eu imaginei perfeito.
Mas perfeito não
Perfeito é a solidão
Porque a solidão não tem tempo
nem espaço, nem outras pessoas
a solidão não tem vergonha
a solidão anda nua pela rua
a solidão diz que vale a pena sonhar
a solidão canta enquanto foge do luar
a solidão desenha cidades a lápis.
E a única consolação que lhe sobra
à pobre da solidão
é a saudade.
E a liberdade.
(Aquele vento sem eira nem beira)
Claro que a solidão sozinha
é frio, chocolate quente.
Posto isto, perfeito
perfeitamente
Não vens comigo?
Fibonacci
domingo, outubro 29, 2006
Cosi fan tutte
quarta-feira, outubro 25, 2006
Uma outra Malinche
– Era quem matasse o tempo! – vociferou Malinali. Voz e punhos cerrados. Sobrolho e dedos carregados. Os olhos, muito verdes como os da mãe, faiscavam laranja e vermelho como o pôr-do-sol na sua terra-natal.
«Não podes matar o tempo, Malinali, não podes... E mesmo que pudesses de nada te servia. O tempo arrancou-te aquilo que és, eu sei. Mas o vazio nada te pode trazer.» Cortés pensava tudo isto no seu olhar tão doce, que Malinali não precisou que falasse. Como aliás nunca tinha acontecido.
Tinham crescido juntos e desde que se haviam habituado a gatinhar e comunicar sem precisar de palavras, nunca mais as usaram entre si.
Cortés era branco. Muito branco e muito loiro. A única coisa que lembrava o seu pai eram os olhos castanhos, muito castanhos e muito fundos, como chocolate quente. Malinali era negra e a única coisa que lembrava a sua mãe eram os seus olhos verdes, verdes como a água e como a terra. De resto, todos os seus movimentos, olhares, costumes e todo o seu coração espelhavam seu pai, sua terra, sua avó.
– O tempo levou-te, Malinali, mas não arrancou o que em ti bate.
«Como te podes esquecer? Como? Não te lembras, agora? Porque não te lembras?»
– Era quem o matasse, Cortés... – mas Malinali conseguiu então ouvir o que ele não queria. E, pela primeira vez fazia muito tempo, sorriu.
Sussurrou agora.
– Do tempo, de bom só a saudade. E mesmo essa, peço-te mata-a!
Os lábios de Cortés, entreabertos, cortejavam os seus, ela via. E deixavam antever um leve travo a canela e noz moscada. Como sempre, deleitavam-se a esquecer as palavras.
Fibonacci
Personagens e título inspirados
no livro «Malinche» de Laura Esquivel
terça-feira, outubro 24, 2006
Constelações
A grande árvore centenária ainda se mantinha de pé. Ladeada por muitas outras ervas colossais, nascidas nos tempos de outros deuses, mantinha-se firme na sua velhice e solidão, eternamente abraçada à Mãe-Terra.
Os olhos escuros do centauro pousaram nela. Todo o vale, do cimo daquele monte, lhe pareceu muito pequenino na sua vastidão imensa e verde. O vento zumbia nos seus ouvidos já marcados pelas durezas das guerras que havia travado. Morto pelo descanso do pós-batalha, derrotado nas cerimónias de honra e ócio, ambicionava há muito partir de novo. O arco e a flecha a tiracolo suspiravam por novas aventuras, sim. No entanto, o seu coração semi-humano não o deixava partir em paz. Eram aqueles olhos…
Mwadii observava ao longe o robusto guerreiro. Como queria, também ela, fugir daquela calma asfixiante! Como queria morrer na ébria confusão do campo de batalha, renascendo então das cinzas ainda quentes, no colo da morte menina. Queria voar. Queria agarrar o tempo e galopar à frente dele, fazendo-o engolir a poeira e a vingança dos anos que passou algemada à sua tribo e àquele odioso Vale, vendo o belicoso centauro partir. Desta vez ele não iria. Como se podia atrever a querer mantê-la segura na sufocação daquela paz? Aquele enfatuado, aquele arrogante! Como queria estar perto dele... Não! Abanou a cabeça e todo corpo numa rápida convulsão arrepiada para se esvaziar deste último pensamento intolerável.
O vento e os lagartos que a ouviam murmurar este discurso, também meneavam a cabeça, mas desaprovadoramente. Nem queriam acreditar. Aquela não era a Mwadii que haviam visto crescer por entre o calor abafado das ervas e os sussurros gelados da Noite. Não podiam acreditar no ódio quente e rouco que brotava dos seus lábios. Preferiam acreditar na brisa, que um dia por lá passara e lhes sussurrara, como um segredo, que aquele ódio ao centauro nada mais era que amor.
Fibonacci
Imagem e imaginaçãoquarta-feira, outubro 18, 2006
Chuva
domingo, outubro 15, 2006
D. Maria e as 15 Palavras
As ruas iluminadas saudavam o seu andar pachorrento, de passos curtos e abafados, sorridentes de tanta saudade. Tinha iniciado aquela viagem, fazia nesse dia, 82 anos. E que viagem!, pensava.
Tinha uns olhos bonitos, D. Maria, eternamente sorridentes no seu brilho-chocolate, mesmo quando as cataratas ameaçavam já a sua liberdade. Havia sido com eles que D. Maria, no fulgor da sua ilusão (como gostava de chamar à juventude!), tinha presenciado o desvendar do mito, da Noite e do céu. D. Maria parou. E ali, naquela rua, lembrou-se. O calor abrasivo da eira, o céu de estrelas tão desenhado. Enfim... A sua crença.
Já lá iam uns sessenta e cinco anos...
A Mãe-Terra anunciava no seu vermelho-fogoso a primeira noite de Verão mas, abraçada à Noite, escondia-o no amarelo-suave em que a Lua, sua oriunda, se deleitava. Maria gostava correr para a eira, todas as noites de Verão e aí deitar-se a falar com a Terra, as cores, naquela cirurgia do solo, que todos os anos se regenerava para que o Homem pudesse, mais uma vez, cortá-lo e arranhá-lo, para se tornar uno com ele, num agradecimento profundo à Água, à Terra e ao Sol.
E foi então, naquele divertimento de acção de graças, numa gargalhada curta de Vida, cheia de nada e de verdade, foi então que viu o céu. Rompendo-se em dois, deixou cair a sua bênção, água que correria para sempre no rio que ali dormia perto. E ali Maria compreendeu aquele ciclo, a beleza do “bis!” que a natureza gritava todos os anos.
D. Maria acordou das suas recordações com as correrias de umas crianças que, de novo naquele primeiro dia de Verão, agradeciam àquela bola, não à Terra, que os fazia gritar “Golo!” no calor contente das férias. D. Maria sorriu. Distinguira perfeitamente a voz de Artur, seu neto. Sim. Ela sabia que aquela viagem ainda valia a pena.
Fibonaccisábado, outubro 14, 2006
Pós-Fogo
Olhava a terra, a querer renascer um pouco mais verde. Poderia dizer que, na calma do que passou, me atrevia a me pensar feliz.
Mas há caminho.
Tu viste o fundo do poço quando eu só olhava o meu reflexo nele, agora que quero ser a água, corro o risco de afundar.
sexta-feira, outubro 13, 2006
Adamastor
terça-feira, outubro 10, 2006
Sintomas
Texto redigido
aquando do trabalho
«A minha palavra preferida»
para a disciplina de
Língua Portuguesa
sexta-feira, outubro 06, 2006
Passo double
domingo, outubro 01, 2006
Parte III (Terceiro acto)
«Nas manhãs de Itapuã que o vento varre
Os coqueiros já conhecem as canções
Repetidas ou
Repentinas vêm
Consolar o meu coração
As vontades vêm
As saudades vão
Amanhece mais um verão
No calor do sol o céu da boca salga
E o mar na alma acalma o caminhar
Pra que haja areia sal e água e alga
As ondas
Não voltam
Cada dia uma nova eternidade
Para sempre aquela pedra roncará
A aurora se transforma em fim de tarde
De novo
De novo»Arnaldo Antunes
domingo, setembro 24, 2006
Silêncio tempo
sábado, setembro 23, 2006
Pedro tem asas
Pedro é Homem.
Pedro tem asas.» Os anjos são pessoas boas.
Inês é boa pessoa.
Inês é anjo. O que vive, morre.
Pedro e Inês vivem.
Inês e Pedro morrem. Mas Pedro tem asas.
E Inês é um anjo.
Como poderam chorar?
Melhor viviam.
Melhor morriam.
Se os deixassem voar. Fibonacci
domingo, setembro 17, 2006
Isto é só um copo
Replay.
Do início o som, segundo zero.
Afinal, que mais é ter dezasseis anos?Fibonacci
domingo, setembro 03, 2006
Roda Viva
terça-feira, julho 11, 2006
Façam as vossas apostas
Faz, faz a tua aposta
Apetece-te viver como quem gosta
Não é para quem quer
Mas para quem pode
Quem acode e aguenta
A tormenta de ti.
Apetece-me arriscar
Aquele arrisco de começo
E só porque te conheço e reconheço
Que vou sair a perder.
Perder limpo.
Jogo sujo.
É o que sabes fazer.
Apetece-me arriscar
Arriscar a feijões e um beijo
E uma salva de palmas ao desejo
E uma vénia às leguminosas
Às poderosas que te sustentam
Nesse vício de pretensas
Ilusões do que vivi.
Um brinde a ti. Fibonacci
domingo, julho 09, 2006
Você me apareceu
Fibonacci
quinta-feira, junho 29, 2006
Parte II
quarta-feira, junho 28, 2006
E agradeceu-o.
sexta-feira, junho 23, 2006
É nosso S. João. Isso ninguém nos tira.
Apaga a fogueira.
Não há perigo de te queimares
Vamos subir pelos ares
Como um balão de São João.
E se o santo não nos acudir
Por enquanto podemos fugir.
Mal o sol romper
Rompemos também,
Não vamos além do que deve ser.
Amor a fingir só para aquecer
Ou para esquecer.
São João, bom pastor,
Quem amar em vão
Amará melhor, São João?
Dá-me um banho de amor
Uma paixão nova
De caixão à cova.
Dança comigo
Eu pés e tu passos.
Último abrigo serão nossos braços.
Vamos arder pelas ruas
E derreter nas setes luas.
E se o pastor não nos vigiar
Pecaremos por excesso e defeito.
Por cio e fastio
Sem culpa nem jeito
E apostaremos neste duro par.
Amor a valer só para aquecer
São João, bom pastor,
Quem amar em vão
Amará melhor, São João?
Dá-me um banho de amor
Uma paixão nova
De caixão à cova.
Hmmm... Momentos deliciosos
domingo, junho 18, 2006
Mais vícios
quinta-feira, junho 15, 2006
Estou feliz agora
Voou e foi embora
Olha só como é lindo meu amor
Estou feliz agora
Agradeço por estar aqui
Manifestar a emoção
E colocar minhas ideias, sentimentos em forma de canção
Agradeço por poder cantar
E ver você ouvir
E tentar entender essa mensagem
Que eu quero transmitir
Beija-flor que trouxe meu amor
Voou e foi embora
Olha só como é lindo meu amor
Estou feliz agora
segunda-feira, junho 05, 2006
Revoltas e Revoltas
sexta-feira, junho 02, 2006
Amigos, sim. Mesmo que não queiram, amigos. =)
É estranho. Dou por mim, no 10º ano, com aqueles 15 anos todos (a agenda atarefadíssima de um milionário), a enfrentar os mesmos problemas, as mesmas atitudes, as mesmas interrogações, que enfrentava no infantário. E não percebo porquê. Por que é que não pode correr tudo bem? Por que é que os nossos amigos (apesar de tudo, tive de apagar quando escrevi “aqueles que considerava amigos”; eles são, definitivamente, amigos) se escondem ou fogem ou gritam e choram e riem apenas quando não estamos presentes? Não percebo e isso anda a corroer-me por dentro, tal térmita, tal bife num copo de Coca-Cola. Podiam falar. Resolver. Dizer: «Não gosto de ti. Já não sou teu amigo. Já não te convido para a minha festa de anos.» Era mais fácil. Era assim que era no infantário.
Mas na semana a seguir, era ver-nos a brincar todos juntos no escorrega.
As palavras só nos afastam enquanto não as dizemos. Aí sim, são importantes e ferozes e cruéis. Depois de ditas, são só isso. Palavras. Não magoam sequer. Porque existe uma Palavra maior que as outros palavras. E, apesar de tudo, essa palavra não se diz, essa palavra sorri-se.
terça-feira, maio 30, 2006
Vícios
Vício de rir.
Vício de mexer.
Vício de gritar.
Vício de cantar.
Vício de escrever
Vício de dançar.
Vício de gostar.
Um vício que mate.
(e o plágio que passe)
Um vício de ti.
Fibonacci
Um parêntesis neste blog
domingo, maio 28, 2006
E tudo faz sentido (i)
Impedimentos são palavras que as pessoas grandes (especialmente aqueles velhos antigos de barbas cinza que, presunçosamente, se espreguiçavam nas suas togas entre a filosofia e a matemática) inventaram para não ter de explicar a Outra Dimensão aos outros.
(Um novo eixo!)
E eu detesto impedimentos. Especialmente impedimentos matemáticos. Como bons impedimentos que são impedem-me de prosseguir o raciocínio que já deslizava tão bem. Impressionante. Impressionante como, falando de Física, me tentam calar com um «Lamento. Chegaste a um impedimento matemático.»
Como é que, esbarrando todos os dias contra ele, nunca mo mostraram como a Solução, mas como o Impedimento? Não só na Matemática... mas também no Real?
(Um mundo sem excepções! - Não creio. Eles não sabem. Mas eu sei. Eu conheço-te. Como ninguém.)
Uma outra dimensão.
Uau.
Quem diria que apenas faltava um número...
Fibonacci
sexta-feira, maio 26, 2006
Obrigada
E eu não tenho queda para dedicatórias. Mas preciso de deixar sair estas. As palavras no meu corpo são toxinas. Dentro, matam. Fora, vivem. E eu tinha de as deixar viver.
As dedicatórias costumam ter uma razão de ser. Mas esta não. Não sei porquê, nem porque não mas, tal como é bom desabafar quando estamos mal com alguém, também era bom que o mundo soubesse quando encontramos aquelas poucas pessoas com quem nos cruzamos e sabemos logo, logo que são importantes. Encontramos sempre essas pessoas, até lhes chamamos uma coisa engraçada: amigos. A probabilidade de isto acontecer é muito baixa. Mas acontece. A isto, eu chamo milagre.
À Clarinha e à Anusca. Aquelas duas pessoas sem as quais eu não podia rir, nem chorar, nem gritar de raiva, porque foram vocês que me ensinaram a não esconder o que sinto como se fosse o pior dos segredos. Todos os dias me rasgam um bocadinho de hipocrisia e me ensinam o que é viver. Obrigada.
À Mafas. À mana gémea mais querida que existe. Àquele nico de gente que esteve sempre lá e, quando ainda não estava, já tinha lugar marcado. Aqui. Por me teres arrancado do sono, por me dizeres sempre que faço falta, mesmo quando só vou atrapalhar, por existires, rires, pelas conversas e listas. Obrigada.
À Inês. Àquela pessoa com quem eu consigo, preciso de falar. Àquela pessoa que me mostrou uma nova face de mim, sendo ao mesmo tempo, tão diferente e parecida comigo. Por me ouvires. Por sorrires. Obrigada
À Loira. Por seres loira. Por seres o meu maior apoio. Por não precisares que eu escreva nada aqui. Ou mesmo que diga. Porque adivinhas. Porque és a pessoa que me conhece melhor. E isso é tão bom. Obrigada.
Ao Jorge. Por seres quem és. Pela influência que tens em mim. Pelas estupidezes que me fazes dizer. Pelo teu sorriso. Obrigada.
Ao Brito. Por me mostrares que há mais que palavras e que, no fim, a o sorriso é que conta. Obrigada.
À Ana, ao Ribeiro, ao Amorim, ao Pedro, ao Guerra, ao Filipe, ao Toni, à Gi, à Joana, ao Luís, e a todos cujo nome é tão presente que nem vale a pena continuar. Obrigada.
É… Comigo aconteceram muitos milagres.
Obrigada.
terça-feira, maio 23, 2006
Don't you see baby, asi es perfecto.
Não é por ti. – Não. Em ti leio como num céu de Verão, limpo de toda a luz, som ou angústia. Tu és demasiado simples para eu perceber. – Às vezes é difícil, mas, no fundo, sou eu.
É... Ás vezes é difícil.
Mas eu gosto. Eu gosto de gostar. E de adormecer naquele embalo das recordações inventadas. E de falar da incerteza da tua presença absoluta. E de gritar o vazio que sinto.
Vazio adorável, que aperta até ao estômago, e acelera os batimentos cardíacos de tal forma que a terceira artéria canta.
Escondida no bom-dia apressado, testemunho o assassínio – assassínio a sério! de faca no peito – da fatalidade trágica do poeta. Mas também há aquele calor bom por dentro. De sentir outra vez o sorriso de alguém como uma lufada de ar fresco.
Às vezes é tão bom.
Mas era mais fácil se eu soubesse que isto tudo é verdade.
Mas não sei.
Assim não chega a ser perfeito.
Perfeito é quando somos a música.
domingo, maio 14, 2006
Do latim, «ego»
Mais a sua sombra.
(Sim! Porque hoje, para ela,
Está sol...)
E foi assim que eu a vi:
Figura normal
(nunca chamaria a atenção)
Cabelo selvagem, perfume de Verão.
Sorriso nos olhos
– olhos de um castanho já tão repetido.
Para ela não há dias cinzentos.
Só negros e azuis.
Não há amor, não há esquecimento,
Só o eu e o tu.
Vai vivendo e diz que gosta
(inclino-me a acreditar)
Muito se irrita, muito se ri
E gosta muito de gostar.
Para os amigos, para a família,
Não bastou o mundo.
Mas sorriu ao lembrar que ele dançara.
E eu conheço aquela cara.
Só não me lembro de onde...
Fibonacci
sexta-feira, maio 05, 2006
Para que é que me meti nisto?!
domingo, abril 09, 2006
O Auto da Compadecida
«O Auto da Compadecida» foi lançado no Brasil em 2000 e conta com actores consagrados como Fernanda Montenegro, Matheus Natchergaele e Lima Duarte no seu elenco.
Na contracapa, li-o como uma crítica à organização da sociedade e da Igreja. Mas embebi-o como a maior homenagem ao arrependimento e perdão humano e divino. Caiu-me como uma revelação da miséria e do amor entre os Homens e para os Homens. Chocou-me, pois veio de encontro a tudo aquilo em que sempre acreditei, mesmo sem o saber.
Aconselho «O Auto da Compadecida» a todos a quem possa interessar a minha opinião.
quarta-feira, abril 05, 2006
Tributo ao 92
a) ainda/já não ter idade para conduzir;
b) não ter independência económica para possuir veículo próprio;
c) ser o motorista.
Concluindo, ninguém anda de autocarro porque gosta (Ok ok... Mas táxi é diferente. E o Noddy é menor de idade!).
Mas eu... Eu gosto do autobus! Dizendo melhor, existe uma certa dualidade de sentimentos entre a minha pessoa e tal meio de transporte. Não há nada como andar de autocarro por puro gozo! Pura diversão! Tudo parece ganhar um sentido diferente! Cedo alegremente o lugar àquela senhora idosa que entra, à madame grávida, ao puto de muletas. Não permaneço no mesmo lugar mais de 5 minutos. É uma festa!
O meu autocarro preferido é o 92. No seu percurso, passa por uma feira e por uma prisão. É, simplesmente, o melhor percurso do mundo. É um constante desfilar de comerciantes cheios de sacos, pregões, risos, insultos e provisões; de esposas que visitam os maridos a cumprir pena e levam uma saca cheia de comida para eles e uma cheia de histórias para mim.
São todos muito simpáticos. Metem sempre conversa comigo e contam-me a vida toda. Eu não percebo como é que há quem não goste de andar de autocarro! =)
Fibonacci
segunda-feira, abril 03, 2006
Tal como um e um são dois. E um e dois, três.
Sem se aperceber que sou parte dela
Tu rodeias-me.
E os crepúsculos que passam
Massacram
Riem-se para mim.
Que a brisa sopra e não te ofende.
Que eu deixo cair o que sempre tentei esconder.
Que o mundo desaba e tu ris.
Quem te ensinou a voar?
Fibonacci
domingo, abril 02, 2006
Isso bastava
(Do tudo que outrora quis ser nada
Do nada que sempre foi tudo!)
Do mundo
Do verde do mundo.
Que as folhas caíam
E tu vias.
Que o vento languidamente me fazia
Esquecer-me
Esquecer-te.
Que eu pensava em nós.
E assim daqele nada
Eu brotava
Serpenteando
Ora longe, ora perto
De ti.
Que apenas o fazê-lo sentir
Que o oposto,
O acre e doce oposto,
Teria sempre o eterno som.
Isso bastava.
Fibonacci
É verdade... Leonardo Fibonacci volta em todo o seu esplendor. Para quem nao me conhece aqi vai uma peqenissima biografia do que fiz em vida.
Matemático italiano, nascido em 1170 e falecido em 1250, natural de Pisa, Leonardo Fibonacci foi educado no Norte de África, onde o seu pai detinha um posto diplomático. Regressado a Pisa por volta de 1200, após ter viajado extensamente, publicou Liber Abbaci, introduzindo o sistema de numeração indo-árabe. Para além deste, escreveu, ainda, Pratica Geometriae, Flos e Liber Quadratorum, de que ainda existem cópias manuscritas. Estas obras colocam Fibonacci como o maior vulto entre Diofanto e Fermat relativamente à teoria dos números, sendo construídas em torno de problemas práticos, muitos deles clássicos, mas também dirigidos à actividade mercantil característica de Pisa. A famosa sequência de números que leva o seu nome é introduzida em Liber Abacci. No entanto, para além do sistema de numeração, a influência de Fibonacci no desenvolvimento da Matemática foi mais limitada do que seria de esperar da sua obra e dos resultados atingidos.
Como vêem, fui muitíssimo importante e, vendo o estado deste mundo, decidi voltar para deixar a minha opiniao para quem a quiser ler. Prometo ser (im)parcial acima de tudo.
A todos os leitores...
Fiquem Bem
Fibonacci