sexta-feira, junho 29, 2007

A fio

Ninguém percebeu exactamente quando foi que o dia tropeçou e finalmente caiu o negro da noite. A percepção era constantemente enganada, por ali. Quando se ia a ver, já não se via nada, nem se sentia. Porque a noite era escura, densa, pesada e extremamente palpável. Tal como se por existir noite não existisse mais nada e mais nada pudesse ser sentido. E o maior divertimento era estender as mãos para as noites, a fio, e agarrá-las, sentir o gelo do vento arranhar os nós dos dedos, e os nós das mãos e dos braços. Muita gente por ali agarrava a noite. Mas nesse dia, ninguém se apercebeu da sua chegada. Ingratos.
Fibonacci

Sem comentários: