quinta-feira, outubro 04, 2007

O nada, o tudo e o princípio

Não gosto que me digam o que fazer. Acima de tudo, tenho orgulho no que sou e no que faço, mal ou bem. Mas admito, alguém me conseguiu pôr a pensar. Mesmo no que eu não queria.
Quando criei este blog, no princípio, era assim, tão centrado noutra pessoa. No princípio, nunca quis que se soubesse que era eu que escrevia. Mas a minha vontade de me distanciar era maior, e por isso não menti. Porque para algo deixar de me pertencer, tem de ser meu primeiro.
Confesso, entusiasmei-me. Pensei que podia ser maior. Quase que pensei que podia ser alguém.
Mas agora tenho medo,e estou relutante em postar o que escrevi, e já não me acho com capacidade para tal.
O que mais quero é voltar ao início. Aos pretensiosismos pseudo-literários. Àquele início do qual só gostavam o Guerra, a Mafalda e o meu pai.
Não tenho talento para pensar tanto. Não sei escrever, não sei filosofia e não sei matemática como começam a exigir de mim. Não sei desvendar mistérios e tudo o que queria era poder copiar Herman Hesse, Sophia de Mello Breyner e Isabel Allende mais um bocadinho. Poder ver nascer os meus Narcisos, Goldmundos, Lúcias e Malinches. E os Ivanhoes.
Não, não sei o que é o tudo em concreto. Muito menos o nada em particular. São como o mais e o menos infinito, só os usamos para exagerar. Mas deixem-me exagerar. Deixem de esperar coisas de mim. Nunca criarei uma sucessão ou um conto de natal.
Eu só preciso de chorar no papel, e rir para o ecrã.
Nunca fui especial, como um dia sonhei ser.
Por isso quis-me esconder, no início.
E era o que eu devia ter feito.
Porque o tudo é demasiado pesado para mim. E o nada, eu não o sinto.

1 comentário:

Anónimo disse...

O tudo não é assim tão pesado e o nada definitivamente não se deve ter em conta, porque não existe. Mas o que existe de facto, é a tua eloquência, a tua profundidade. Por isso o voltar ao início é tarde demais, o teu talento mostra que és, sim, especial. A maneira que pensas, que te expressas são diferentes, mas próprias e não mandadas por um matemático( ou filósofo). Tornares-te em alguém começa por assumires os teus pontos de vista por ti própria. E mais uma vez, o tudo não é assim tão pesado.
Como nós gostamos de chegar ao fundo do coração das pessoas e ver como eles reagem literariamente !
Muitos parabéns, passaste no teste.

Agora sim, podes dissertar sobre o que quiseres e gostares na certeza que és ou serás alguém e não o Fibonacci ou lá como se escreve!

Continua a postar, gostámos muito.