sábado, outubro 20, 2007

Lembrei-me do que já foi tão passado

Parece-me que é de mim. Começar a falar sem paragens, sem respirações e depois não ter fôlego para chegar ao fim, expiar todas as palavras cansadas, que, no fundo, nunca quis dizer e agora secou-me a boca, morro à sede.
A quem pergunto, minto, a quem falo, rio e desato a rir e chego mesmo a desejar que sintas o egoísmo que sinto quando tento ser maior e não deixas, porque não tenho voz na mão que sou e ela foge-me todos os dias.
Agora tento ser diferente, agora sou o lirismo que tento esconder na coragem dos outros.
Não há nada de real. Não consigo ser maior. Não consigo os versos heróicos, e a mão puxa-me involuntariamente para as vírgulas, pontos e pontos e vírgulas.
Só o que de mim sai é real. E o real não é assim tão bom.
Perdi-me no futuro, esqueci o passado. E ele não volta. E eu quero que volte. Porque o que fui durante tantos anos era bem melhor que aquilo que sou agora.
Eu amava com a vida, agora aprendi a amar com a pele.
Não quero.
Quero voltar a ser quem era quando nunca tive dúvidas. (Digam o que disserem, ter dúvidas é sempre mau sinal.) E desde que tu foste, apesar de já ter sido há tanto tempo, elas invadem-me de todos os lados.
Tu eras a minha única certeza, foste-o durante tanto e tanto tempo, uma eternidade. Nunca vou conseguir encontrar outra.
Nem quero.
Vou parar por aqui.
Fibonacci

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