domingo, janeiro 21, 2007

Não vês?

«Não vou mentir pra mim mesmo acreditando
Que uma música é capaz de expressar tudo isso
Não vou mentir pra mim mesmo acreditando
Mas eu preciso acreditar na comunicação
Mas eu preciso acreditar
Não há melhor antídoto pra solidão
E é por isso que eu não fico satisfeito
Em sentir o que eu sinto

Se o que eu sinto fica só no meu peito
Por mas que eu seja egoísta
Aprendi a dividir as emoções e os seus efeitos
Sei que o mundo é um novelo uma só corrente
Posso vê-lo por seus belos elos transparentes
Mudam cores e valores mas tá tudo junto
Por mais que eu saiba eu ainda pergunto»

Gabriel, O Pensador
'Tás a ver?
São os efeitos da comunicação, é tudo o que digo e não digo. Não, não é um antídoto para a solidão. São achas para a mesma fogueira.
Como pude sempre pensar que me bastava entornar os restos do que sinto para o que finjo que comunico? Comunico a mim própria, na melhor das probabilidades. E mesmo isso é como desterrar paciência para ouvir tudo o que nem a mim quero contar.
Como pude ficar satisfeita com isso? Como pude achar que era melhor escrever-te que dançar-te? Como pude?
Por mais que eu saiba, que não sei; por mais que eu olhe, que não olho; por mais que eu pergunte, que não pergunto; por mais que eu ria, que não rio; por mais que eu viva, eu não vivo nesta redonda dimensão achatada.
Se viver, eu vivo fora. Se voar, eu vôo raso. E alto e plano e sinto o vento como uma benção de quem não é mais que asas.
Para mim mesma eu já não minto.
E é por isso que cada vez fico menos satisfeita a sentir o que sinto se tu não sentes a verdade.
Porque sabê-la... isso tu sabes.
Fibonacci

2 comentários:

Anónimo disse...

É tudo o que ouço, o que não ouço, o que quero ouvir e não ouço.
Não, não é um antídoto para a solidão. É simplesmente uma tentativa de aceitar a solidão e esperar pelo momento certo para deixar de estar só. É preciso muita escrita para preparar o momento, mas só é precisa uma dança para que o momento aconteça.
Por mais que eu saiba que não sei, vou olhar, vou perguntar, vou rir, vou viver e não vou descobrir. Porque não quero saber. Porque para mim eu ainda minto.

Inês Almeida disse...

'E é por isso que a gente viaja
Procurando um reencontro, uma descoberta,
Que compense a nossa mais recente despedida
Nosso peito muitas vezes aperta
Nossa rota é incerta
Mas o que não incerto na vida?


A vida é feita de pequenos nadas
Que a gente saboreia, mas não dá valor.'


Sabemos a teoria toda. Pô-la na prática é fácil. Basta querer e deixar os 'ses'. :)*