domingo, março 25, 2007

A mesma

«Gosto quando a minha mãe pega no meu cabelo.
Dizem que sou parecida com ela, em certas expressões, igual.
Gosto quando pega no meu cabelo e tenta entrelaçá-lo, em vão.
Dizem que temos o mesmo feitio e isso sinto-o na pele. Na minha e na dela.
Gosto quando, ao entrelaçá-lo, se debate para que o inconstante escalado caiba todo enrolado na sua mão.
Dizem que saio a ela como saí dela e só me custa que ela adivinhe tão rapidamente o que nem eu imagino que vou pensar.
Penso muitas vezes que o adivinha em mim porque apenas já o pensou nela.
Mas ela diz que não.
Excepto quando pega numa mecha do meu cabelo e tenta, em vão, entrelaçá-lo.
Pega nele como eu imagino que pegou em mim quando era tão pequenina que quase cabia na palma da sua mão.
Agora só caibo nos palmos do seu abraço.
E é por isso que, às vezes, pega no meu cabelo e tenta entrelaçá-lo, em vão. Em vão, como se quase coubesse na palma e eu me agarrasse aos dedos brancos e finos, finos e brancos de puxar para a luz outros que cabem noutras palmas.
E é por isso que sinto o peso de ser tão igual a ela. E ainda é mais por isso que sinto o imenso orgulho ao ouvir o quanto somos a mesma.
E cada vez mais, dizem.»
Fibonacci

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda não foi desta que pude dizer: Bi!! Que post tão fraquinho!.. :P
Será que alguma dia vou ter a oportunidade de te dizer alguma coisa deste género?? Parece que não... :D
bj