sábado, outubro 14, 2006

Pós-Fogo

Deixei-me voar, eu sei. Voei um pouco demais. Agora que relanço o olhar do verde limão ao horizonte e vejo o reflexo dos monstros no rio, agora percebo.
Quantas palavras!
Repito para mim mesma, para nunca me esquecer. Repito que as palavras que voam não nos deixam aterrar. E agora, aterrada, caída na margem direita do rio, revejo a avionete em cinzas, lembradas ainda do calor que foram no repasto da noite anterior. Naquela calma de quem mais nada teme, até poderia ser contente. (Arribei às docas do pânico no fogo, porque haveria de, agora, não querer encarar a solidão do rio, à minha esquerda, ou da selva que me cuspiu e me olha feroz?)
Olhava a terra, a querer renascer um pouco mais verde. Poderia dizer que, na calma do que passou, me atrevia a me pensar feliz.
Mas há caminho.
E, sim, tenho um outro medo.
Tu viste o fundo do poço quando eu só olhava o meu reflexo nele, agora que quero ser a água, corro o risco de afundar.
Se outros perguntaram porquê o nome daquela rosa, eu só queria saber porquê o teu nome. Esse nome. Essa coisa, palavra e som que te agarra.
Quando apenas se resume a um pequeno passo para dizeres quem és.
Fibonacci

1 comentário:

mcrpedro disse...

Como eu conheço essa vontade incontrolavel de levantar voo e esquecer a necessidade de aterragem...

É impressão minha ou, cada dia que passa, escreves melhor? :)