Young lovers seek perfection.
Old lovers learn the art
of sewing shreds together
and seeing beauty in
a multiplicity of patches.
How to make an american quilt, Jocelyn Moorhouse (1995)
Fibonacci, matemático nascido no seculo XII, retorna ao mundo real. Um mundo estranho, estranhamente feliz e estranhamente único. Ele só queria que tu soubesses, que tu visses. E eu, eu escrevo o que ele manda. Tu sabes, simples secretariado. (:
Young lovers seek perfection.
Old lovers learn the art
of sewing shreds together
and seeing beauty in
a multiplicity of patches.
How to make an american quilt, Jocelyn Moorhouse (1995)
A Liberdade é uma coisa esquisita. É como o Amor. As pessoas lembram-se dela quando falta. Porque falta. Tantas vezes.
(Jurei a mim mesma que não usaria frases feitas. Mas é difícil. Toda a gente fala da liberdade. E haja liberdade de expressão!, mas imaginação nunca há e sempre é mais fácil citar que criar. Mas eu tento.)
Eu tento dizer como é importante este dia. Mas não quero mentir. Eu nunca vi a liberdade. Para mim, a liberdade é voar. A liberdade é correr e eu corro todos os dias. Se eu não conseguisse, eu ia fechar os olhos com muita força e imaginar que estava a correr. Eu ia sentir o vento na minha cara e a velocidade no pulsar do meu sangue. E eu ia, assim atada, assim fechada, eu ia ver a liberdade. Mas assim, livre, eu corro. E corro. Mas o vento faz-me frio e a velocidade assusta-me. E eu não fecho os olhos e não vejo nem imagino.
A Liberdade é mesmo uma coisa esquisita. É como a Noite. Exige tanto das pessoas. Ela quer energia, ela quer uma visão sensata e sensível, ela quer discernimento, ela quer vontade. Mas as pessoas cansam-se. Cansam-se da luta, da batalha diária contra o comodismo do doce calvário do rio que segue, e segue, mas não escolhe o seu caminho.
A Liberdade é uma coisa mesmo esquisita. É como o Sol. Nasce todos os dias. E, apesar de nada nos dizer que ele vai nascer no dia seguinte, excepto a rotina de uma crença irracional, nós sabemos que sim, ele nasce. Sabemos não por saber mas porque, antes de nascer no Oriente, ele nasce dentro de nós. Mesmo à noite, nós sabemos que o Sol vai nascer. É como a liberdade.
E eu acredito naquela coisa esquisita da qual eu nunca senti falta, aquela que eu nunca vi, aquela que me cansa e aquela que nunca me deu a certeza que aparecer amanhã. Mas acredito. Acredito cegamente. Acredito e continuarei a acreditar.
Acredito como acredito no Amor.
Acredito como acredito na Noite.
Acredito como acredito no Sol.
Acredito nela como em mim, porque somos as duas uma só.
E nem que tenha sido apenas para eu poder estar aqui a escrever a Liberdade vale a pena.
Esta foi uma frase feita. Mas o que aconteceria à imaginação, se não sonhássemos todos o mesmo sonho?
Fibonacci
Eugénio de Andrade
Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados tem o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que deus me deu
Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também tem um coração
Fotografei você na minha Rolley-Flex
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Só não poderá falar assim do meu amor
Ele é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peitoBate calado, que no peito dos desafinados
Também Bate um Coração
Tom Jobim
«Se você disser que eu desafino, eu morro de rir. Porque eu sei que diz. Porque eu sei que quando diz tal coisa se envergonha e quase chora e rebola no chão de tanta gargalhada. Você mente cada vez que me diz tal coisa, mente com quantos dentes tem nessa boca e com quanto ritmo lhe corre por essas veias. Revela-se a cada mentirinha que diz, que pensa que me magoa. E eu a você. Não, não me acredito que a sua beleza se possa enganar.
Mas na nossa música, esquecemo-nos do que somos fora dela. Eu isto, você aquilo. Isto tão diferente daquilo. Mas um único peito bate, quando somos os dois. E tudo o que você diz, você cala nesse sorriso. E tudo o que eu berro, não faz mossa. Não magoa, nem é ouvido sequer. Porque só esse compasso marcado, que isto é tão natural!, se impõe: o bater afinado do seu coração.
Não, não falará assim do nosso amor. Este é o maior que você pode encontrar. Você com a sua música vai-me sempre lembrar do principal. Calado, a rir baixinho, sussurrando, no fundo do meu peito bate e bate, que bate, um coração. O seu.»
Fibonacci
Eu levo a sério mas você disfarça